1. Muito agrada à Santíssima Virgem a saudação angélica
Por ela lhe renovamos a alegria que sentiu, quando S. Gabriel lhe anunciou que fora eleita para Mãe de Deus. Nessa intenção devemos saudá-la muitas vezes com a Ave-Maria.
Saudai-a com a Ave-Maria, diz Tomás de Kempis, porque ela gosta muito dessa saudação. Que não lhe podemos dirigir saudação mais agradável, do que com a Ave-Maria, disse-o a Virgem a S. Matilde. Por ela será também saudado todo aquele que a saúde. S. Bernardo, certa ocasião, ouviu de uma estátua da Senhora as palavras: Eu te saúdo, Bernardo! Ora, a saudação de Maria consiste sempre em alguma nova graça, diz Conrado de Saxônia. Pergunta Ricardo: É possível que Maria recuse mais uma graça a quem dela se aproxima e lhe diz: Ave, Maria? A S. Gertrudes prometeu a Mãe de Deus tantos auxílios na hora da morte, quantas Ave-Marias lhe houvesse recitado em vida. Alano de Rupe afirma que, ao ouvir essa saudação angélica, alegra-se o céu, treme o inferno e foge o demônio. Com efeito, atesta-o Tomás de Kempis, pois com uma Ave-Maria pôs em fuga o demônio que lhe aparecera.
2. A prática dessa devoção pode ser a seguinte:
a) Dizer de manhã e de noite, ao levantar e ao deitar-se, 3 Ave-Marias, ajuntando depois de cada uma a pequena jaculatória: Por vossa pura e imaculada Conceição, ó Maria, purificai meu corpo e santificai minha alma, Em seguida, devemos pedir a bênção a Maria, conforme fazia sempre S. Estanislau, pondo-nos sob o manto de nossa Mãe e pedindo que naquele dia ou naquela noite nos livre de todo pecado. É recomendável que, para esse fim, tenhamos juntos ao leito uma bela imagem da Santíssima Virgem.
b) Recitar o Anjo do Senhor (Ângelus) com as três Ave-Marias usuais, pela manhã, ao meio-dia e à noite. Foi João XXII o primeiro Papa que indulgenciou esta devoção (1328). Em 1724, Bento XIII concedeu cem dias de indulgências a quem recitar o Anjo do Senhor, e indulgência plenária a quem o rezar durante um mês, confessando-se e comungando.
Outrora, ao som das Ave-Marias, todos se ajoelhavam para rezar o Anjo do Senhor. S. Carlos Borromeu não se acanhava de descer da carruagem, para recitá-lo de joelhos na rua, mesmo na lama muitas vezes. Aos sábados de tarde e durante todo o domingo recita-se de pé. No tempo da Páscoa, como explica Bento XIV, em lugar dele, recita-se a antífona Regina caeli laetare (Rainha do céu, alegrai-vos).
c) Saudar a Mãe de Deus com a Ave-Maria, sempre que se ouve soar o relógio, à imitação de S. Afonso Rodriguez, irmão da Companhia de Jesus (+ 1617), o qual à noite era acordado pelos anjos para saudar a Senhora. Saudá-la ao sair de casa e ao entrar nela. para que a Virgem dentro e fora de casa nos livre do pecado. E depois, em espírito, beijar-lhe os pés, como fazem os Cartuxos.
d) Fazer o mesmo quando se passa diante de uma imagem da Mãe de Deus. É bom colocar, quando se pode, uma bela imagem de Maria na parede da casa, para que os transeuntes a possam venerar. Em Nápoles e Roma há esse belo costume.
e) Por ordem da Santa Igreja, começa e termina cada hora do Divino Ofício com a recitação da Ave-Maria. Assim, pois, é bom rezar uma Ave-Maria ao principar e ao terminar qualquer ação, quer espiritual, como a oração, a confissão, a comunhão, a leitura espiritual, e assistência ao sermão, etc., quer temporal, como estudar, dar conselhos, trabalhar, comer, deitar-se, etc. Felizes as ações praticadas entre duas Ave-Marias! Saudemos a Virgem com essa oração, ao despertar pela manhã, ao fechar os olhos para dormir. Saudemo-la em todas as tentações, em todos os perigos, em todos os ímpetos de cólera e em semelhantes ocasiões. Praticai essa devoção, caro leitor, e lhe vereis os abençoados frutos. Refere Auriema que a Santíssima Virgem prometeu a S. Matilde uma boa morte, se rezasse todos os dias três Ave-Marias, em honra de seu poder, de sua sabedoria e de sua bondade. Declarou também à venerável Joana de França ser-lhe muito agradável a recitação de dez Ave-Marias, em honra de suas dez virtudes.
Livro: Glórias de Maria - Santo Afonso de Ligório
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