Maria: Causa Exemplar



Depois de Jesus, Maria é o mais belo modelo que é possível imitar: o Espírito Santo que, em virtude dos merecimentos de seu Filho, nela vivia, fez dela uma cópia viva das virtudes desse Filho: «Haec est imago Christi perfectissima, quam ad vivum depinxit Spiritus Sanctus». Jamais cometeu a mínima falta, a mínima resistência à graça, executando à letra o fiat mihi secundum verbum tuum (Adolph Tanquerey).

Diz S. Tomás, que enquanto os demais santos sobressaíam, cada um em alguma virtude particular, foi a Bem-aventurada Virgem extraordinária em todas e de todas nos foi dada como modelo. Para mostrarmos nosso amor a Maria, esforçamo-nos em imitá-la:
  
 "Eis uma Virgem, que com sua virtude, 
feriu e arrebatou o coração de Deus." 
-S. Bernardino de Sena.


  • Os Santos Padres, em particular Santo Ambrósio e o Papa São Libério, representam-na como o modelo acabado de todas as virtudes,  «caritativa e atenciosa para com todas as suas companheiras, sempre pronta a lhes prestar serviço, não dizendo nem fazendo nada que lhes pudesse causar o mínimo desgosto, amando-as a todas e de todas amada»
  • Sobre ela diz S. João Damasceno: Plantada na casa de Deus, esta bela oliveira regada pelo Espírito Santo se fez habitação de todas as virtudes. O semblante da Virgem era modesto, o ânimo humilde, as palavras amorosas, saindo de um interior bem composto. A Virgem afastou o pensamento de todas as coisas terrenas, abraçando todas as virtudes; admirável e rápido foi o progresso na perfeição, e assim mereceu tornar-se um digno templo de Deus.
  • Fala também S. Anselmo da vida de Nossa Senhora e diz: Maria era dócil, pouco falava, estava sempre composta, sempre séria, e sem jamais se perturbar. Perseverança na oração, na leitura dos Livros Santos, nos jejuns, em toda sorte, enfim, de obras virtuosas. 
  • Boaventura Baduário refere coisas mais particulares. Maria procurava ser a primeira nas vigílias, a mais exata na divina Lei, a mais profunda na humildade, e em toda a virtude a mais perfeita. Ninguém jamais a viu irada; pelo contrário tão repassadas de doçura lhe eram as palavras, que se reconhecia o Espírito Santo em sua boca. 
  • Especial atenção merecem as revelações de S. Brígida: Desde pequenina foi ela cheia do Espírito Santo, e à medida que crescia em idade, aumentava também em graça. Desde então estabeleceu amar a Deus de todo coração, de modo a não ofendê-lo nunca em palavras ou ações. Por isso desprezava os bens da terra, dando aos pobres tudo quanto podia. De tal temperança usava no comer, que só tomava quanto lhe era absolutamente necessário para o sustento do corpo. Ciente pela Sagrada Escritura de que Deus devia nascer de uma virgem, para salvar o mundo, abrasou-se de tal forma o seu espírito no amor divino, que não pensava senão em Deus, não desejava senão Deus e só em Deus se comprazia. Evitava, por isso, até o trato com seus pais, para que a não distraíssem da memória de Deus. Sobretudo desejava alcançar a vinda do Messias, na esperança de ser a serva daquela feliz Virgem, que merecesse ser sua Mãe.
  • Exclama Santo Afonso Maria de Ligório: Ah! certamente por amor desta excelsa menina acelerou o Redentor sua vinda ao mundo. Enquanto Maria em sua humildade nem se julgava digna de ser a serva da Divina Mãe, foi ela mesma a eleita para essa sublime dignidade. Com a fragrância de suas virtudes e poderosas súplicas atraiu ao seu seio virginal o Filho de Deus. 
  • O Senhor também mostrou um dia a S. Brígida duas mulheres: uma toda luxo e vaidade. Esta - disse Ele - é a Soberba. Sobre a outra, disse: Contempla essa que tem a cabeça baixa, que é serviçal para com todos, pensando em Deus unicamente e convencida de seu nada: é a Humildade e chama-se Maria.
  • É próprio de todo humilde prestar serviços, Maria não se negou a servir Isabel durante três meses. Sobre isto escreve S. Bernardo: Admirou-se Isabel da vinda de Maria, porém mais admirável era ainda o motivo de sua vinda: vinha para servir e não para ser servida.
  • Em suma, diz S. Bernardino, enquanto Maria viveu na terra, estava continuamente amando a Deus; nunca fez, senão o que conhecia ser do agrado de Deus; e amou-o tanto quanto julgou de seu dever amá-lo.
  • Nem mesmo o sono impedia a Mãe de Deus de amar ao seu Criador, diz S. Ambrósio que enquanto o corpo de Maria repousava, sua alma vigiava; e S. Bernardino completa: enquanto seu corpo bem-aventurado tomava, num ligeiro sono, o necessário repouso, sua alma elevava-se até Deus.
“Tais foram as virtudes de Maria que a sua vida pode servir de regra a todas as vidas”
-S. Ambrósio

 

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