Honório, santo anacoreta, dizia que o nome de Maria é cheio
de divina doçura, e o glorioso S. Antônio de Pádua nele achava tanta doçura
como S. Bernardino no de Jesus. O nome
da Virgem Mãe, repetia ele, é alegria para o coração, mel para a boca, melodia
para o ouvido de seus devotos. Muito grande era a doçura que achava nesse
nome o venerável Juvenal, Bispo de Saluzzo. Lê-se em sua vida que se lhe notava
nos traços do rosto a sensível doçura, que lhe ficara nos lábios, sempre que
pronunciava o nome de Maria. Coisa idêntica sabe-se de uma senhora de Colônia,
a qual contou ao Bispo Marsílio sentir sempre um sabor mais doce que o mel toda
vez que pronunciava o nome da Virgem Santíssima. E, repetindo-o devotamente, o
bispo experimentou a mesma doçura. No momento da Assunção da Senhora três vezes
perguntaram-lhe os anjos pelo nome: Quem é esta que sobe pelo deserto, como uma
varinha de fumo composta de aromas de mirra e de incenso? (Ct 3, 6). Quem é
esta que vai caminhando como a aurora quando se levanta? (6, 9). Quem é esta
que sobe do deserto inundando delícias? (8, 5). E para que lhe indagam com
tanta insistência o nome? pergunta Ricardo de S. Lourenço. É para terem o
prazer de ouvi-lo mais vezes, tão suavemente lhes soava aos ouvidos.
Mas eu não falo aqui dessa doçura sensível, porque esta não
se concede comumente a todos. Falo dessa salutar doçura de conforto, de amor,
de alegria, de confiança e de fortaleza, que este nome de Maria ordinariamente
dá àqueles que o pronunciam com devoção. Na opinião de Franco, abade, é esse
nome tão rico de bênçãos que, depois do
nome de Jesus, nem no céu nem na terra outro se profere e do qual as almas
devotas recebam tanta graça, tanta esperança, nem tanta doçura. Porque,
continua ele, o nome de Maria contém em si uma virtude tão admirável, tão doce
e tão divina, que deixa nos corações amigos de Deus um odor de santa suavidade.
Sempre nele encontram novos encantos os servos de Maria, e essa é a coisa mais
maravilhosa deste nome. Embora o pronunciem e ouçam pronunciar mil vezes,
sempre saboreiam a mesma doçura. Assim conclui Franco.
Dessa doçura fala também o Beato Henrique Suso. Em o
pronunciando, sentia-se animado de grande confiança e todo possuído de jubiloso
amor. Mal o podia proferir por entre lágrimas de alegria. Desejava então que
o coração lhe viesse parar nos lábios por causa da suavidade desse nome, que
semelhante a um favo de mel se liqüefazia no fundo de sua alma.
Abrasado em amor, assim falava ternamente S. Bernardo à sua
bondosa Mãe: Ó excelsa, ó bondosa e
veneranda Virgem Maria! Como é vosso nome tão cheio de doçura e de amabilidade!
Ninguém o pode proferir, sem que se veja abrasado de amor para com Deus e para
convosco. Perpasse ele pela mente dos que vos amam, e eis o quanto basta para
consolá-los e incitá-los a vos amarem cada vez mais. As riquezas
consolam os pobres porque os aliviam de suas misérias, diz Ricardo de S.
Lourenço; porém, sem comparação, mais nos consola vosso nome, ó Maria, e muito mais
alivia das angústias desta vida, do que todas as riquezas da terra.
Enfim, o vosso nome, ó Mãe de Deus, está cheio de graças e
de bênçãos divinas, como nos diz S. Metódio. E segundo S. Boaventura*, ninguém
o pode proferir devotamente sem dele tirar algum fruto. Por mais endurecido e
frouxo que esteja um coração, declara Raimundo Jordão, Abade de Ceies, se chega
a invocar-vos, ó benigníssima Virgem, milagrosamente desaparece a sua dureza.
Tão grande é a graça do vosso nome! Sois vós quem infunde a esperança do perdão
e da graça. Vosso nome, no dizer de S. Ambrósio, é um bálsamo oloroso a exalar
o perfume da divina graça. Desça ao íntimo de minha alma — pede o Santo — esse
perfumoso bálsamo! E quer dizer: Ó
Senhora, fazei com que nos recordemos frequentemente de vos invocar com amor e
confiança; pois invocar-vos assim, ou é sinal de possuir a graça de Deus, ou de
recuperá- la brevemente.
Sim, a lembrança de vosso nome, ó Maria, consola os
aflitos, reconduz os transviados para as sendas da salvação e livra os
pecadores do desespero, reflete Ludolfo de Saxônia. Na observação de
Pelbarto, como Jesus Cristo com suas
chagas deu ao mundo o remédio de seus males, também Maria com seu santíssimo
nome, que é composto de cinco letras, alcança todos os dias o perdão para os
pecadores. Razão é essa de o santo nome de Maria ser comparado ao óleo, nos
Sagrados Cânticos (1,2). Assim o explica Alano de Lille: O óleo cura os enfermos, exala perfume e alimenta a chama. Também o
nome de Maria cura os pecadores, perfuma o coração e inflama no amor divino.
Ricardo de S. Lourenço exorta os pecadores a recorrerem a esse nome sublime,
porque ele só basta para curá-los de todos os seus males e livrá-los
prontamente da mais insidiosa enfermidade.
Pelo contrário, os
demônios, diz Tomás de Kempis, tanto receiam a Rainha do céu que, como do fogo,
fogem de quem invoca o seu grande nome. A
própria Virgem revelou o seguinte a S. Brígida: Por endurecido que seja um
pecador, imediatamente o abandona o demônio, se invoca meu santo nome com o
propósito de emendar-se. Isso mesmo lho confirmou em outra revelação,
dizendo: Todos os demônios têm um
grande pavor e respeito diante de meu nome. Assim que o ouvem invocar, largam de pronto a alma presa em suas
garras. — E se os anjos maus se
afastam dos pecadores que chamam pelo nome de Maria, os anjos bons tanto mais
se chegam às almas justas que o pronunciam com devoção.
É a respiração um sinal de vida. Também o invocar com
freqüência o nome de Maria é sinal da posse ou da breve aquisição da graça divina,
na opinião de S. Germano; pois esse poderoso nome tem a virtude de alcançar
auxílio e vida a quem o invoca devotamente. Ricardo de S. Lourenço acrescenta: É ele como torre fortíssima que livra o
pecador da morte eterna; até os maiores pecadores acham nessa celeste fortaleza
salvação e defesa.
Essa fortíssima torre não só livra de castigos os pecadores,
mas defende os justos também contra os ardores do inferno. É o que afirma
Ricardo de S. Lourenço quando diz: Depois do nome de Jesus nenhum outro há no
qual resida socorro e salvação para os homens, como no excelso nome de Maria. Especialíssima,
como todos o sabem, é a sua força para vencer as tentações contra a castidade.
Isso experimentam os devotos da Virgem, todos os dias. Semelhante pensamento
deduz Ricardo das palavras de S. Lucas: E
o nome da Virgem era Maria (Lc 1, 27). Fá-lo para nos dar a entender que o nome
da puríssima Virgem é inseparável da castidade. Vem daí a frase de S. Pedro
Crisólogo: O nome de Maria é indício de castidade, querendo dizer: quem duvida
se pecou nas tentações impuras, tem um sinal certo de não ter ofendido a
castidade, quando se lembra de haver invocado a Maria.
Sigamos sempre, por conseguinte, o belo conselho de S.
Bernardo: Nos perigos, nos apuros, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca a Maria;
nunca se aparte seu nome de teus lábios, de teu coração. Em todos os perigos de
perder a graça divina pensemos em Maria, invoquemos o seu nome e o de Jesus,
para que andem sempre unidos esses dois nomes. Nunca se apartem nem do nosso
coração, nem da nossa boca, esses dois dulcíssimos e poderosíssimos nomes. Pois
eles nos darão forças para não cairmos e para vencermos sempre todas as
tentações.
Graças inestimáveis
prometeu Jesus Cristo aos devotos do nome de Maria, conforme assevera S.
Brígida. Disse ele a sua Mãe Santíssima: Quem invocar o teu nome com propósito
de emenda e confiança, receberá três graças particulares: perfeita dor dos seus
pecados e satisfação por eles, força para progredir na perfeição e finalmente a
glória do paraíso. Ó minha Mãe,
acrescentou o Senhor, nada vos posso negar de quanto me pedis, porque vossas
palavras são tão doces e agradáveis a meu coração. Finalmente, põe remate a
tudo S. Efrém, dizendo que o nome de Maria é a chave da porta do céu, para quem
o invoca com devoção. Com razão, portanto, podia o suposto S. Boaventura chamar
a Maria de salvação dos que a invocam, como se invocar-lhe o nome fosse o mesmo
que obter a salvação eterna. Na sentença de Ricardo à devota invocação desse
doce e santo nome prendem-se graças supe- rabundantes nesta vida e sublime
glória na outra.
Desejais, por conseguinte, ser consolados em todos os
trabalhos? conclui Tomás de Kempis. Recorrei a Maria; invocai a Maria, a ela
servi e recomendai-vos. Alegrai-vos com Maria, caminhai com Maria; com ela
procurai a Jesus, e finalmente com Jesus e Maria aspirai a viver e morrer.
Assim fazei e prosseguireis no caminho do Senhor. Pois Maria se comprazerá em
rogar por vós, e o Filho com certeza atenderá à sua Mãe.
(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)
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