Numerosos motivos forçam-nos a amar nossa amabilíssima
Rainha. Em toda parte louvassem-na, dela somente falassem em todos os sermões,
a vida dessem por ela todos os homens – tudo isso ainda pouco seria em
comparação da gratidão e amor que lhe devemos. Pois é terníssimo o amor que ela
consagra a todos os homens, mesmo aos mais infelizes pecadores, quando lhe
conservam algum afeto ou devoção. O abade de Celes – que por humildade tomou o
nome de Idiota – diz de Maria: Não pode
a Virgem deixar de amar quem a ama; não desdenha servir quem a serve. Se o
servo é um pecador, empenha toda sua poderosa intercessão para obter-lhe o
perdão de seu Filho. Tamanha lhe é a bondade e tão grande a misericórdia, que
não repele quem a invoca. Na qualidade de amantíssima advogada nossa oferece a
Deus as preces de seus servos; pois, como o Filho intercede por nós junto ao
Pai, assim ela intercede por nós junto ao Filho. Não se cansa de tratar com o
Pai e com o Filho o sério assunto da nossa salvação. Singular refúgio dos
perdidos, esperança dos miseráveis e advogada de todos os pecadores que a ela
recorrem – assim com muita razão a chama Dionísio Cartusiano.
Possível é, entretanto, que um pecador ponha em dúvida não o
poder, mas a misericórdia de Maria; possível é que, vendo-se carregado de
crimes, desconfie de sua compaixão em ajudá-lo. Aqui o sossega e anima Conrado
de Saxônia, dizendo: Grande e singular é o privilégio que tem Maria perante seu
Filho de alcançar dele, com os seus rogos, tudo quanto quer. Mas de que
adiantaria, acrescenta Conrado, este grande poder de Maria, se ela nenhum
cuidado tivesse de nós? Mas, não; não duvidemos, tenhamos ânimo e agradeçamos
ao Senhora e à sua divina Mãe. Pois, assim como ela entre todos os santos é a
mais poderosa, de todos é também a mais amorosa e mais solicita de nosso bem.
Assim conclui o piedoso escritor: Quanto júbilo há na exclamação de S. Germano:
Quem jamais, ó Mãe de misericórdia,
quem, depois de vosso Jesus, mostrou como vós tanto zelo por nós e nosso bem?
Quem como vós toma a defesa dos pecadores e combate contra os seus inimigos?
Poder e bondade encontram-se em vosso patrocínio num grau que excede toda a compreensão.
Tem os santos poder para valer mais a seus devotos que aos outros, acrescenta o
abade de Celes; Nossa Senhora, porém, como é Rainha de todos, de todos é também
advogada e lhes cuida da salvação. Preocupa-se com todos, até com os pecadores.
Deles, especialmente, Maria se ufana de ser chamada advogada. Disse-o ela mesma
à venerável Maria Villani: Depois do título de Mãe de Deus, lisonjeia-me ser
chamada advogada dos pecadores.
(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)
*Grifos meus
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