Caros Leitores,
Ave Maria Puríssima!
Diariamente, durante este mês, publicarei as meditações escritas por Santo Afonso Maria de Ligório para cada dia de maio, o mês da Santíssima Virgem Maria.
Abaixo segue a primeira meditação:
A necessidade da intercessão de Maria provém da sua cooperação na Redenção.
Mas antes, sugiro que meditem o seguinte artigo do próprio Santo Afonso:
Motivos para celebrar o mês de Maria - Santo Afonso Maria de Ligório
Thiago Maria.
***
Ipsa Conteret
A necessidade da
intercessão de Maria provém da sua cooperação na Redenção
Uma sentença de S. Bernardo diz: Convinha, pois, que outro
homem e outra mulher cooperassem para nossa reparação. E estes foram Jesus e
Maria, sua Mãe. Não há dúvida, diz o Santo, Jesus Cristo, só, foi
suficientíssimo para remir-nos. Mais conveniente era, entretanto, que para
nossa reparação servissem ambos os sexos, assim como haviam cooperado ambos
para nossa ruína. Pelo que S. Alberto chamou a Maria cooperadora da redenção. A
própria Virgem revelou a S. Brígida que assim como Adão e Eva por um pomo
venderam o mundo, assim também Ela e seu Filho com um coração o resgataram. Do nada pôde Deus criar o mundo, observa S.
Anselmo, mas não quis repará-lo sem a cooperação de Maria.
De três modos, explica o Padre Suárez, cooperou a divina Mãe
para a nossa salvação. Primeiro, merecendo com merecimento de côngruo a Encarnação do Verbo. Segundo, rogando muito a Deus por
nós, enquanto esteve no mundo. Terceiro, sacrificando com boa vontade a Deus a
vida do Filho para nossa salvação. Tendo, pois, Maria cooperado para a redenção
com tanto amor pelos homens e tanto zelo pela glória divina, com razão
determinou o Senhor que todos nos salvemos por intermédio de sua intercessão.
Maria é chamada cooperadora de nossa justificação, diz
Bernardino de Busti, porque Deus lhe entregou as graças todas que nos quer
dispensar. Por isso, no dizer de S.
Bernardo, todas as gerações, passadas, presentes e futuras devem considerar
Maria como medianeira e advogada da salvação de todos os séculos.
Garante-nos Jesus Cristo que ninguém pode vir a ele a não
ser que o Pai o traga. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai não atrair” (Jo 6,
44). O mesmo também , no sentir de Ricardo de S. Lourenço, diz Jesus de sua
Mãe. Ninguém pode vir a mim, se minha Mãe o não atrair com suas preces. Jesus
foi o fruto de Maria, como disse S. Isabel (Lc 1, 42). Quem quer o fruto deve
também querer a árvore. Quem , pois, quer a Jesus, deve procurar Maria; e quem
acha Maria, certamente acha também Jesus. Vendo Isabel a Santíssima Virgem que
a fora visitar em sua casa, e não sabendo como lhe agradecer, exclamou cheia de
humildade: E donde a mim esta dita, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor?
(Lc 1, 43). Mas como assim pergunta? Não sabia já Isabel que não só Maria, como
também Jesus tinha vindo a sua casa? Por que, pois, se declara indigna de ver o
Filho vir a seu encontro? Ah! É porque bem entendia a Santa que Maria vem
sempre com Jesus e que, portanto, lhe bastava agradecer à Mãe sem nomear o
Filho.
No livro dos Provérbios (31, 14), diz-se da mulher prudente:
Fez-se como a nau do negociante, que traz de longe o seu pão. Maria foi essa
ditosa nau, que do céu nos trouxe Jesus Cristo, pão vivo descido do céu para dar-nos
a vida eterna, como Ele diz: Eu sou o pão vivo, que desci do céu; se alguém
comer deste pão, viverá eternamente (Jo 6, 51). Daí conclui Ricardo de S.
Lourenço que no mar deste mundo todos se perdem, quantos não tiverem recolhido
a esta nau, isto é, que não forem protegidos de Maria. Sempre, portanto,
continua ele, que estivermos em perigo de nos perdermos pelas tentações ou
paixões desta vida, urgem recorrer a Maria, clamando: Depressa, Senhora,
ajudai-nos, salvai-nos, se não quereis ver-nos perdidos. E note-se aqui, de
passagem, que o sobredito autor não se faz escrúpulo de dizer a Maria: Salvai –nos
que perecemos. Não imita, por conseguinte, o autor mencionado no parágrafo
anterior, o qual nos proíbe que peçamos à Virgem salvação, porquanto no seu
parecer só de Deus devemos esperá-la. Bem pode um condenado à morte dizer a
algum valido do rei que o salve, pedindo ao príncipe indulto para sua vida. Mas
por que então não poderemos nós dizer à Mãe de Deus que nos salve,
impetrando-nos a graça da vida eterna? S. João Damasceno sem dificuldade dizia
à Virgem Santíssima: Rainha pura e imaculada, salvai-me, livrai-me da
condenação eterna! S. Boaventura saúda-a como “salvação dos que a invocam”. A
Santa Igreja aprova o chamar-lhe “saúde dos enfermos”. E teremos nós escrúpulos
de pedir-lhe que nos salve, quando um escritor afirma que ninguém se salva
senão por ela? E já antes deles, S.
Germano afirmou “que ninguém se salva a não ser por meio de Maria”.
(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)
*Grifos meus.
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