A lenda do desterrado


Quem tem pecado muito e teme por sua salvação, que ouça uma lenda alemã adequada.

Um pobre desterrado retornava à pátria após 30 anos de ausência. Os padecimentos haviam-no encanecido, e o haviam tornado irreconhecível. À entrada do lugar, topou uns companheiros de sua juventude e estendeu-lhes a mão para saudá-los.

Mas eles recusaram o cumprimento, pois não o reconheceram. O desterrado foi adiante e viu um irmão seu, com quem havia trabalhado, comido e dormido. Chamou-o, mas o outro não o reconheceu e o fitou com desprezo.

Pobre desterrado! Entrementes era insultado pela garotada, e mantido debaixo do olho da polícia. Dando mais uns passos, viu à sacada sua irmã. Gritou a ela, com afeição:
— Minha irmã!

Mas também ela o não reconheceu, e lhe virou as costas. Finalmente, desanimado e humilhado, chegou à casa paterna. Uma velha vestida de luto estava sentada perto da porta. Era sua mãe.
— Ao menos esta reconhecer-me-á — dizia o infeliz.

Aproximou-se dela. A mulher fitou o forasteiro e o reconheceu logo.
— Oh! o meu filho! — exclamou enternecida. Mãe e filho se apertaram num longo abraço.

Eis o que faz a mãe afetuosa. E é o que faz Maria com os pecadores.

(G. Mortarino. J.C., "A palavra de Deus em exemplos" - Paulinas, SP, 1961, pp. 287-288)

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